As Questões Importantes da Vida

“Imagine um viajante solitário, parado numa bifurcação do caminho, que pondera a situação, atento, calmo, sem pressa, com perfeita consciência do seu poder, e que só na altura certa escolhe a via a tomar, e depois prossegue a sua viagem. A decisão assim tomada nunca pode ser a errada. A sua viagem será bem sucedida, independentemente dos resultados. O peregrino está atento e recorda as respostas para as questões importantes da vida.

Imagine agora outro viajante deslocando-se aos tropeções, frenético de ansiedade, desnorteado, deixando cair coisas ao longo do caminho, incapaz de distinguir as direcções certas das falsas, esfarrapado, exausto e que, sem pensar, ao chegar à bifurcação, opta pela estrada que lhe fica mais perto. Este modelo não só não é nada atraente, como certamente ninguém o quereria adoptar. Contudo, é o que a grande maioria das pessoas faz! Corremos de uma coisa para outra ou de nota para nota, numa tentativa frenética de conseguir acompanhar ou alcançar, perdendo chaves, bilhetes de avião, agendas, e até nós próprios.

Estando desperto – sabendo quem você é – e prestando atenção ao que se passa quer no seu interior quer no exterior, estará muito próximo daquilo que a tradição espiritual oriental designa por consciencialização. Isto implica estar, de facto, presente neste momento, no que está a fazer agora, neste sentimento, e em relação à pessoa que está à sua frente. É a ideia que a comentarista Adair Lara pretende transmitir quando conta a história do que a sua mãe queria receber no dia de aniversário, “presenças e não presentes”. É reparar no tom de voz de alguém e na sua linguagem corporal, bem como reparar nessas coisas em si mesmo. É observar as diversas coisas que ocorrem durante o seu dia, e rapidamente determinar se elas são importantes ou triviais. É sintonizar-se com os outros e consigo mesmo. Estar desperto é um acto realmente do momento, um acto do imediato. É o oposto da distracção e desconcentração.

PARAR vai mantê-lo desperto e consciente do momento presente. Mas também o vai ajudar a unir os elos da sua história, das suas histórias. Ajuda-o a recordar quem é, de onde vem, para onde vai e para onde quer ir, recordar os seus objectivos originais, ideias e sonhos; e recordar porque começou a fazer o que está a fazer, por forma a saber se ainda é isso que quer fazer. Mesmo que não possua respostas definitivas para muitas das grandes questões da vida, é vital continuar a recordar quais eram as suas perguntas. Perder as suas interrogações é realmente perder-se no caminho.

PARAR é também recordar de uma forma mais literal: rememorizar. Ou seja, recolher de novo todos os aspectos de si próprio, que ficaram para trás ou espalhados na azáfama, e reunir todas essas “memórias” num todo coeso. O poeta Robert Bly refere o “saco que arrastamos às costas” como estando cheio de peças que fomos perdendo o hábito de utilizar – a nossa inocência, espontaneidade ou jovialidade. PARAR é reaver essas peças que não queríamos perder, peças que estavam enfiadas nesse saco, talvez há já muitos anos, e por isso mesmo escondidas e esquecidas.

Estas duas preciosidades – desperto e a recordar – constituem os elementos essenciais de PARAR.” – David Kundtz

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