“Para criar harmonia com outra pessoa, é necessário que goste o suficiente dessa pessoa para ouvir a sua história, partilhar as suas lutas e estar com ela enquanto as partes da sua personalidade que têm medo vêm à superfície.
A harmonia requer que aceite outro indivíduo como uma personalidade cuja vida é tão complexa e difícil como a sua. Não pode abrir-se apenas às partes da pessoa que são amorosas e esperar criar harmonia. Também tem de estar disposto a interagir com as partes que são iradas, invejosas, vingativas e violentas. É fácil criar harmonia com alguém que goste de si, mas isso torna-se difícil quando essa pessoa está zangada, desdenhosa ou cheia de juízos de valor.
A harmonia apenas com aqueles que se parecem consigo, pensam, falam e agem como você não é verdadeira harmonia, mas sim a manutenção de uma claque.
A sua alma quer harmonia com toda a Vida – com aqueles que você considera seus amigos e com os que considera seus inimigos.
A harmonia requer coragem. Por exemplo, se gostar de alguém, não permitirá que essa pessoa lhe falte ao respeito, embora virar a cara ou apresentar desculpas possa parecer o caminho mais fácil. Falar a partir do coração, sem juízos de valor e sem expectativas, nem sempre é fácil. Noutras alturas, a in-tenção de criar harmonia sem falar é mais adequada. Em todos os momentos se exige coragem e integridade.
Criar harmonia não requer que nos transformemos no capacho dos outros. Na realidade, exige que não o sejamos, pois quando nos tornamos capachos, as pessoas usam-nos para limpar os pés. Criar harmonia exige a coragem de não corresponder às expectativas dos outros, de objectar quando sentimos que é adequado exprimir uma objecção, de dizer não, sim e talvez, sem expectativa.
A criação de harmonia é activismo espiritual. Acontece quando dedica a sua energia àquilo em que acredita, mas não considera que os outros estão errados, não tolera a violência nem contribui para ela, e não confunde amabilidade com fraqueza, nem necessidade com amor.
As partes da sua personalidade que colocam objecções em relação à harmonia também colocam objecções ao seu crescimento espiritual. Elas julgam, condenam e recusam-se a perdoar. Esquecem-se de que os outros existem.
A harmonia é a criação consciente de um mundo amoroso. A intenção de criar harmonia é um remédio para a dor profunda. Ela abre-o, ilumina os seus lugares obscuros, traz-lhes paz e permite-lhe desenvolver a sua maior dádiva – um coração aberto.” – Gary Zukav