Descobrir a Nossa Verdadeira Vocação

“Descobrir uma verdadeira vocação é um marco imenso no percurso de fazer das nossas vidas o que queremos que elas sejam. Mas é somente o primeiro passo. Comprar tempo, para explorar as implicações e desafios desta vocação, é também um importante processo. Mas é somente o segundo passo.

Isto conduz-nos a outra daquelas delicadas conjunturas onde o pêndulo da moda social tem oscilado, e oscilado de novo. Estou a falar acerca de como consideramos a relação entre o que nós gostaríamos de fazer e o que necessitamos de fazer. Mais precisamente, estou a falar acerca da complexa relação entre o que nós próprios valorizamos e o que o mundo exterior nos pagará por isso.

Quando os tempos são duros e o futuro parece sombrio há, acredito, uma tendência para ver como luxos, a que uma pessoa se não pode permitir, os seus próprios sonhos e preferências. A preocupação imediata é arranjar um trabalho e conservá-lo. Embora esta atitude seja inteiramente compreensível, não penso que ela se mantenha como uma fórmula duradoura em termos de felicidade e autorrespeito.

Permitam-me clarificar que não advogo que as pessoas se coloquem à margem da sociedade ou do movimento “hippie”. Aceito e celebro até a necessidade de encontrar um modo de ganhar a vida. Encontrar um modo de ganhar a vida é um dos desafios que mais caracterizam e determinam a nossa existência.

O que estou a tentar transmitir, contudo, é a ideia de equilíbrio. Se temos a esperança de ser verdadeiros connosco próprios, realizar as nossas vocações, e também pagar a renda de casa e colocar pão sobre a mesa, precisamos do doce lugar onde as nossas competências individuais e inclinações se interceptam com o mundo do trabalho. Necessitamos de esgotar o que gostaríamos genuinamente de fazer… e que o mundo valorizará o suficiente para comprar.

Quando fazemos algo para ser pago, quer se trate de escrever uma história ou escavar uma vala, precisamos de agradar à pessoa que nos paga; mas isso não torna o trabalho menos nosso. O paradoxo é que o produto acabado, seja o que for de que se trata, pertence-nos tanto como ao comprador. Imprimimos a nossa própria marca nele; transportámos a nossa própria identidade para ele. Porque é parte do que fizemos, torna-se também parte de quem nós somos.

Aceitar este paradoxo de vender alguma coisa e contudo ainda a possuirmos, é parte de como nos tornamos profissionais. É parte de como transitamos de encontrar a nossa felicidade para construir a nossa felicidade.” – Peter Buffett

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.