“Todos nós estimamos as nossas belas posses, concretizações e memórias, e desfrutamos do aconchego que elas nos proporcionam. Embora constitua um suporte positivo nas nossas vidas, é importante que aprendamos a não nos agarrarmos àquilo que acumulámos, que sejamos capazes de soltar, de limpar a casa e de criar espaço para que novas experiências e novas dádivas possam surgir.
Isto também se aplica aos relacionamentos. Todos nós entramos numa nova relação transbordantes de memórias, medos, ideias, crenças e imagens de como queremos que as coisas funcionem. No entanto, logo que as coisas começam a correr de forma diferente do que desejámos, no momento em que nos sentimos desprezados, incompreendidos ou indesejados, os alarmes começam a tocar. Então começamos a afastar-nos, a lutar ou a rejeitar o outro. Muitos de nós, se não mesmo a maioria, somos bombas-relógio à espera de explodir – principalmente no que toca aos relacionamentos amorosos, onde os nossos corações e o sentido que temos do nosso valor estão extremamente expostos. Como poderá ser então possível estar disponível para uma nova pessoa? De que forma podemos baixar as nossas defesas e a nossa expectativa inata de que algo de mau aconteça?
Alguns dizem que é na verdade bom estar alerta, construir defesas eficazes, separar o bom do mau. Dizem que é insensato estarmos completamente receptivos, profundamente confiantes e alegres no amor. O melhor que podemos fazer é aprender a ser tolerantes em relação às flutuações que ocorrem nos relacionamentos. Estar abertos e confiantes é algo próprio das crianças, que ainda são irrealistas e não experimentaram as tristezas que o amor pode acarretar. Mas o amor não traz tristeza. A causa do nosso sofrimento está na bagagem que nós transportamos connosco, no lixo que acumulamos e ao qual nos agarramos. É essa a causa, e nenhuma outra.