“Ser humano significa que experienciaremos a solidão. Todos temos um buraco lá dentro – um vazio – que ansiamos por preencher seja de que maneiras for. Buscamos soluções. Afastamo-nos de nós próprios quando o que realmente precisamos de fazer é aproximarmo-nos mais.
Fazemos seja o que for para evitar estar no meio desta experiência humana. Para evitar sintonizar-nos e sentir.
Quando ando de carro pela minha cidade, vejo pessoas a escrever mensagens nos telemóveis dentro dos carros. Estão paradas num semáforo, e em vez de contemplarem o espaço lá fora, verificam seja quais forem os desenvolvimentos que tiveram lugar no último minuto desde que pararam e enviaram a mensagem escrita no semáforo anterior.
Quando foi a última vez que olhou simplesmente para a distância?
Que simplesmente se deixou ficar sentado a pensar?
Ou que ingeriu uma refeição a sós sem o fiel telefone ou leitor digital ao lado?
Precisamos de nos sintonizar.
Não dessintonizar.
Ser humano é ser solitário, e nós não permitimos essa solidão. Não nos permitimos aquietar o bastante para ouvir a nossa mais profunda sabedoria. Para além da dor da solidão – quando nos permitimos ser trespassados por toda ela – está o maior júbilo que jamais conhecemos.
Se não nos deixarmos sentir, evitamos as profundezas da nossa dor – mas perdemos igualmente as profundezas do nosso júbilo e conexão.
Permita-se a queda livre! Sinta o que é ser humano – tudo de tudo. Sentimos todos tanto terror de que, se cairmos, nunca venhamos a parar. Por isso não nos deixamos ir. E ao determo-nos, estamos a impedir o nosso crescimento.
Abrace a dor.
Inspire o anseio.
No decurso do seu dia, empenhe-se em criar momentos de nada, momentos de silêncio, de ociosidade, na sua experiência. Dê à sua mais profunda intuição um espaço no qual lhe falar. Pare de dar à língua. Comece a escutar. Só por hoje, prometa a si próprio que tirará um minuto para nada fazer – um único minuto – durante cada hora de vigília.