“A inteligência académica não dá praticamente qualquer espécie de preparação para o tumulto – ou as oportunidades – que as vicissitudes da vida nos trazem. No entanto, embora um QI elevado não seja garantia de prosperidade, prestígio ou felicidade na vida, as nossas escolas e a nossa cultura estão fixas nas capacidades académicas, ignorando a inteligência emocional, um conjunto de características – há quem lhes chame carácter – que também tem uma importância imensa para o nosso destino pessoal. A vida emocional é um domínio que, tão seguramente como a matemática ou a leitura, pode ser tratado com maior ou menor perícia, e exige o seu próprio conjunto de competências específicas. E o grau de aptidão que cada um tenha nessas competências é crucial para se perceber por que razão uma pessoa progride na vida enquanto uma outra, de intelecto igual, falha redondamente: a aptidão emocional é uma meta-habilidade que determina o modo melhor ou pior, como seremos capazes de usar outras capacidades que possamos ter, incluindo o intelecto puro.
Claro que há muitos caminhos para o êxito na vida, e muitos domínios em que outras aptidões são recompensadas. Na nossa sociedade, cada vez mais baseada no conhecimento, a capacidade técnica é seguramente uma delas. Há uma piada infantil que diz: «O que é que se chama a um nabo daqui a quinze anos?» A resposta é «Patrão.» Mas mesmo entre os «nabos» a inteligência emocional proporciona um trunfo importante no local de trabalho. Inúmeras provas testemunham que as pessoas emocionalmente aptas – que conhecem e controlam os seus próprios sentimentos e sabem reconhecer e lidar eficazmente com os sentimentos dos outros – levam vantagem em todos os domínios da vida, quer se trate da vida amorosa ou das relações íntimas, ou de aprender as regras não expressas que ditam o êxito na política das organizações. As pessoas que possuem aptidões emocionais bem desenvolvidas são também, de um modo geral, as que se revelam mais satisfeitas e eficazes nas suas vidas, dominando os hábitos de espírito que estão na base da sua própria produtividade; aqueles que não conseguem obter alguma medida de controlo sobre as suas vidas emocionais travam constantemente batalhas íntimas que lhes minam a capacidade de produzir trabalho continuado e pensamentos claros.” – Daniel Goleman