“Embora ficar «livre para aproveitar a vida» possa ser uma falácia, podemos encontrar muita liberdade no momento presente. É no despertar do espírito que encontramos a verdadeira liberdade nesta vida – não nos bares, restaurantes, centros comerciais, férias de verão, casinos ou parques temáticos, onde normalmente a vamos procurar.
Uma das minhas clientes de consultoria, uma bem-sucedida investidora imobiliária, falava-me recentemente acerca de um investimento arriscado que tinha feito.
«Durante anos», explicou-me, «disse a mim própria que se este investimento fosse para a frente, seria livre – deixaria de ter obrigações para com quem quer que fosse. Mas, depois, dei-me conta de que, por mais dinheiro que tivesse no banco, o mais provável seria continuar a ter os mesmos compromissos e obrigações de sempre – ou mais, até.»
No que respeita à liberdade, muitos de nós andamos iludidos. Visualizamos vidas sem limitações ou constrangimentos, imaginando-nos tão despreocupados como as estrelas de rock, os heróis desportivos e os multimilionários que os media nos apresentam todos os dias. Mas, na realidade, todos temos os nossos problemas.
Talvez considere que o «livre para viver» é deixar de ter determinadas obrigações que o prendem. Muitas pessoas acham que a liberdade é simplesmente a ausência de restrições. Que seremos livres quando já não tivermos de fazer as coisas que não queremos fazer. Isso não é liberdade. Ou, se é, é do tipo fugaz.
Temos à disposição todo um outro nível de liberdade e é a essa que me refiro. A liberdade para amar mais livremente, para ser amado mais livremente, para nos livrarmos da culpa, da preocupação, da aprovação, da dúvida, do medo ou da dor e para sermos livres de nos expressar. Consiste em remover o peso e as restrições que nos prendem. Em libertar os nossos corações e mentes. Em sentirmo-nos «suficientes» no nosso âmago.
Ao procurarmos a paz no momento presente, aprofundamos a nossa compreensão da vida. E de como melhor a viver. Aprendemos a equilibrar as condições da vida com as nossas. A ser corajosos. A atravessar fogo e florestas, a velejar em mares turbulentos, a soltar o nosso espírito pioneiro e o nosso sentido de espanto. E a encarar todos os dias com maior respeito e reverência pela vida.
Raramente acedemos a essa liberdade, quando alcançamos o que pensávamos querer alcançar. O que esperamos realmente que aconteça depois de escrevermos o nosso bestseller, vendermos a nossa empresa por 20 milhões ou ganharmos a lotaria? Que dívida esperamos saldar? Quanta liberdade imaginamos sentir? Embora satisfatória à sua maneira, a realidade tende a ser muito diferente daquilo que julgávamos.
Não existe o momento de ficar «livre para viver». Já vivemos! E já somos livres… basta aprendermos a abrandar um pouco o ritmo, lembrarmo-nos de respirar, fazermos dos nossos dias mais do que uma lista de «afazeres» e colhermos o tesouro subtil do momento presente. Podemos começar por nos sentir extraterrestres, a viver no agora, desligados dos dramas diários da vida. Apesar de tudo, paradoxalmente, o mais provável é que nos sintamos melhor do que nunca. Será mesmo possível que nunca tenha existido uma meta a alcançar? Que já lá estejamos e que sempre tenhamos lá estado?” – Ken Druck