Ninguém Está Isolado Desta Maré Aleatória de Explosão e Remorso

“Todos os dias as notícias nos chegam cheias de histórias, sinais de desintegração do civismo e da segurança, de um assalto desenfreado da maldade e da agressão. Mas as notícias limitam-se a reflectir, numa escala ampliada, uma crescente sensação de emoções descontroladas na nossa própria vida e na vida das pessoas que nos rodeiam. Ninguém está isolado desta maré aleatória de explosão e remorso; de um modo ou de outro, atinge as vidas de todos nós.

A última década assistiu a um crescimento contínuo do rol de notícias, que retratam um aumento da inépcia emocional, do desespero, da inquietação nas nossas famílias, nas nossas comunidades, nas nossas vidas colectivas. Têm sido anos de raiva e desespero, na solidão silenciosa das crianças fechadas em casa tendo a televisão como companhia, na dor das crianças abandonadas, negligenciadas ou maltratadas, na sórdida intimidade da violência marital. É uma doença emocional que se espalha e que pode ser lida nos números que mostram um aumento das depressões por todo o mundo, e nas provas de uma crescente onda de agressão – adolescentes com armas nas escolas, acidentes rodoviários que terminam aos tiros, ex-empregados descontentes que chacinam os colegas de trabalho. Maus-tratos emocionais, disparar de passagem (do interior de automóveis) e stresse pós-traumático são tudo expressões que entraram para o nosso léxico comum ao longo da última década, tal como o slogan da moda deixou de ser um alegre «Tenha um bom dia» para transformar-se no ameaçador «Faz o meu dia», celebrizado pelo Dirty Harry de Clint Eastwood.” – Daniel Goleman

Ricardo Babo

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