O Pensamento É a Resposta da Nossa Memória

“Sem se conhecerem a vós mesmos, façam o que fizerem, não é possível existir o estado de meditação. Por «conhecerem-se a vós mesmos» quero dizer conhecerem cada pensamento, cada estado de espírito, cada palavra, cada sentimento; conhecerem a actividade da vossa mente – não conhecerem o self supremo, o grande self; não existe uma tal coisa; o self mais elevado, o atma, insere-se ainda no campo do pensamento. O pensamento é o resultado do vosso condicionamento, o pensamento é a resposta da vossa memória – ancestral ou recente. E a tentativa de meditar, simplesmente, sem que primeiro tentem estabelecer profunda e irrevogavelmente essa virtude que nasce do autoconhecimento, é completamente ilusória e inútil.

É muito importante para queles que são sérios que compreendam isto. Porque se não o conseguirem fazer, a vossa meditação e o vosso viver estão divorciados, separados – de tal forma separados que embora possam meditar, praticando infinitas posturas, para o resto das vossas vidas, não conseguirão ver nada para além do vosso próprio nariz; qualquer postura que pratiquem, qualquer coisa que façam, será completamente desprovida de significado.

… É importante compreender o que é este autoconhecimento, o estar simplesmente atento, sem qualquer escolha, ao «eu», que tem a sua fonte num feixe de memórias – estar simplesmente consciente dele sem interpretação, apenas observar o movimento da mente. Mas essa observação é impedida quando estamos apenas a acumular através da observação – o que fazer, o que não fazer, o que alcançar; se fizerem isso; põem fim ao processo vivo do movimento da mente como self. Isto é, eu tenho de observar e ver o facto, o real, o que é. Se me aproximo dele com uma ideia, com uma opinião – tais como «não devo», ou «devo», que são respostas da memória -, então o movimento do que é é obstruído, é bloqueado; e portanto, não existe aprendizagem.” – J. Krishnamurti

Ricardo Babo

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