O Privilégio de Poder Escolher a Nossa Vida

“Com demasiada frequência, creio, as pessoas pensam em privilégio somente em termos de dinheiro e de coisas que o dinheiro pode comprar. Ser privilegiado é viver num lar confortável, ter comida suficiente e boa, usar belas roupas, dormir numa cama limpa, fresca no verão e quente no inverno. E, enquanto estas coisas permanecem, tudo isso é excelente. Mas, é isso a essência do que significa ser privilegiado? Penso que não.

Se a vida é o que nós fazemos dela, se nós próprios aceitamos o desafio de criar as vidas que nós queremos, então parece-me claro que a essência de privilégio tem a ver com dispor da mais ampla selecção possível de opções. Pense-se em todas as muitas pessoas que – pelas nossas escalas convencionais, pelo menos – não são privilegiadas: o aldeão africano que, por causa de um governo corrupto ou da falta de oportunidades educacionais, pode apenas permanecer um agricultor de pura subsistência ou o tratador de algumas cabeças de gado magro; o jovem de cidade interior ou um índio americano numa reserva empobrecida, cujos horizontes são amputados por uma cultura de famílias falidas e desespero; ou, a este propósito, aqueles trabalhadores chineses cuja sociedade conserva para sempre nas fábricas ou nas quintas onde começaram a trabalhar. Para pessoas nestas circunstâncias, a sobrevivência tende a ser uma tarefa a tempo inteiro. Comida e abrigo para eles próprios e para as suas famílias devem, obviamente, vir primeiro. Mas segurança económica e conforto material não são as únicas coisas de que estas pessoas estão privadas: elas são muitas vezes privadas de escolha. E, se se pensar sobre isso, verifica-se que a falta de opções é tão cruel como qualquer outra privação. Fome e sede podem ser satisfeitas dia após dia. Mas um frustrado desejo ardente de mudança, para novas possibilidades, pode durar o tempo de uma vida, ou mesmo ser transmitido através de gerações.” – Peter Buffett

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