“O que significa para nós o poder? Por que razão está a maioria das pessoas disposta a fazer praticamente qualquer coisa para o obter? Mesmo que não estejamos conscientes disso, a maior parte de nós procura estar em posições de poder, porque acredita que esse facto irá permitir controlar as situações que surgem na nossa vida. Acreditamos que o poder nos proporcionará o que queremos acima de tudo: liberdade e felicidade.
A nossa sociedade está baseada numa definição de poder muito limitada, e que implica, nomeadamente, riqueza, sucesso profissional, fama, vigor físico, força militar e controlo político. Meus queridos amigos, digo-vos que existe um outro tipo de poder, um poder maior: o poder de ser feliz no exacto momento presente, libertos da dependência, do medo, do desespero, da discriminação, da cólera e da ignorância. Este poder é um direito nato de cada ser humano, seja ele célebre ou desconhecido, rico ou pobre, forte ou fraco.
Todos nós desejamos ser poderosos e bem-sucedidos. Mas se o nosso impulso para obter e manter o poder nos extenua e prejudica os nossos relacionamentos, nunca conseguiremos apreciar verdadeiramente o nosso sucesso profissional ou material, e pura e simplesmente não vale a pena o nosso esforço. Viver a nossa vida com profundidade, reservar tempo para cuidarmos de quem amamos – esse é um outro tipo de sucesso, um outro tipo de poder, e é muito mais importante. Existe apenas um tipo de poder que tem realmente valor: o sucesso de nos transformarmos, de transformarmos as nossas aflições, o medo e a cólera. É este o género de sucesso, de poder, que será benéfico para nós e para os outros, e que não causará qualquer prejuízo.
Querer ter poder, fama e riqueza não é uma coisa má, mas devemos saber que procuramos estas coisas porque desejamos ser felizes. Se formos ricos e poderosos mas infelizes, qual será o interesse de sermos ricos e poderosos?
A ambição que possamos ter de aumentar a nossa compreensão e a nossa compaixão e de ajudarmos o mundo é uma energia maravilhosa que confere um propósito genuíno às nossas vidas. Muitos grandes instrutores antes de nós – Jesus, Buda, Maomé e Moisés – também tiveram esta ambição. No presente, experimentamos o mesmo desejo profundo que eles tiveram: fortalecer a paz, aliviar o sofrimento e ajudar os outros. Constatamos que uma única pessoa pode trazer libertação e cura a milhares ou até milhões de seres humanos. Cada um de nós, quer sejamos um operário, um político, um empregado de mesa, um homem de negócios, um homem do espectáculo ou um pai a treinar um jogo de futebol americano, todos nós partilhamos este desejo profundo. Mas é importante recordarmo-nos de que para tomarmos consciência desta ambição maravilhosa temos antes de mais de tomar conta de nós mesmos. Para podermos trazer felicidade aos outros, temos de ser felicidade. E é por este motivo que nos disciplinamos sempre no sentido de, em primeiro lugar, tomarmos conta dos nossos próprios corpos e das nossas próprias mentes. É apenas quando estamos sólidos que podemos estar no nosso melhor e tomar conta daqueles que amamos.