“As mudanças inesperadas na nossa vida funcionam como chamadas de atenção. Elas levam-nos a constatar que nada está sob o nosso controlo. Quanto mais nos agarramos à ilusão de que controlamos tudo, mais dificuldades teremos em encontrar alguma paz. É um círculo vicioso: por tentarmos evitar a perda, acabamos por nos apegar ainda mais a ela. Quando estamos magoados, assustados e tentamos controlar tudo, podemos perder o que amamos.
No domínio dos relacionamentos, a questão do controlo torna-se extremamente problemática. Quanto mais tentarmos controlar o outro, mais dificuldades teremos em nos aproximar dele. Aliás, quanto mais tentarmos controlar a outra pessoa, mais nos arriscamos a perdê-la. Ninguém gosta de se sentir sufocado e dominado. Mesmo que fique fisicamente consigo, perde emocionalmente a pessoa que tenta controlar.
Pode ser um dos tipos mais devastadores de perda. Sentir que o nosso parceiro se está a distanciar cada vez mais de nós e que, de algum modo, fracassámos. A relação mantém-se, mas sentimo-nos completamente sós. E a sensação de estarmos a dormir ao lado de um parceiro intocável, inalcançável e inacessível pode ser terrivelmente dolorosa. Para muitas pessoas, o pior tipo de solidão é aquele em que se sentem isoladas da outra, estando cada qual num dos lados de um fosso que lhes parece intransponível.
Temos essencialmente duas hipóteses: levar a bem os aspectos desconhecidos da vida. Temos esperança, rezamos, esforçamo-nos por melhorar o que pudermos e permitimos que as coisas sucedam. Ou cerramos os punhos e levamos os acontecimentos a peito, tememos o pior e tentamos controlar tudo, num frenesim desgraçado e atazanando todos os que nos rodeiam. Em vez de fincar o pé, faria melhor se aprendesse a deixar andar.” – Ken Druck