“Um bebé não tem qualquer problema em dar novos passos. Quando chega a altura de andar, embora ainda não tenha encontrado o seu equilíbrio, o bebé levanta-se, tropeça, volta a levantar-se e tenta novamente. Se se magoar, chora durante uns instantes, enxuga as lágrimas e prossegue. Ninguém consegue andar sem antes cair. Ninguém cai sem se magoar por alguns instantes. Nós caímos, levantamo-nos, continuamos, perdemo-nos, encontramos o caminho, e depois voltamos a perder-nos.
O mesmo se passa com os relacionamentos. É natural que ao começarmos não tenhamos ainda encontrado o nosso equilíbrio. Podem ser necessárias muitas explorações para percebermos quem somos, quem é o outro e como responder às necessidades um do outro. Pode dizer-se que não existe maior bravura do que aquela necessária para caminhar na senda do amor.
Os relacionamentos, pela sua própria natureza, podem tornar-se caóticos. Manter o equilíbrio e a clareza torna-se uma tarefa muito mais árdua nas dores de parto de uma relação amorosa, na qual as necessidades e os sentimentos estão intensificados e as lealdades se podem dividir. Muitas pessoas, quando estão nestas situações, sentem-se como se estivessem a caminhar na corda bamba.
Nesta vida, somos constantemente abordados por uma cadeia interminável de estímulos, pessoas a quererem coisas diferentes de nós, escolhas que têm de ser feitas no momento. É frequente ser-nos exigido que tomemos uma acção sem que nos seja dado tempo para reflectirmos nas suas consequências. Aprendemos a fazer uma lista das nossas prioridades, a gerir o nosso tempo de modo a criar uma vida equilibrada e a zelar pelas várias facetas de nós próprios. Embora sigamos o calendário que estipulámos, isso não significa necessariamente que também alcancemos um sentido de equilíbrio interior. Os conflitos podem continuar a agitar-se lá dentro. Estes conflitos interiores nem sempre se resolvem através de um planeamento racional ou de esforços no sentido de nos convencermos a nós mesmos de qual será o próximo passo certo a dar. Na verdade, quanto mais pensamos sobre o que devemos fazer, mais vacilantes nos podemos tornar.