Sem Namoro Não Há Amor

“A sexualidade ajuda o amor. Expande-o. Porque é das poucas circunstâncias em que corpo, cabeça e alma estão alinhados. E são tudo em um. E parecem dizer eu e tu ao mesmo tempo. E se formos dois corpos, duas histórias e dois ritmos, que se sintonizam numa mesma cumplicidade (então, sim), o mundo parece ser 1+1=1.

É mais fácil ser 1+1=1 na sexualidade ou no amor? À primeira vista, é mais fácil na sexualidade. Porque as pessoas – quando conversam, quando consentem, quando compensam, etc. – falam pouco daquilo que sentem. Logo, a sexualidade pode levar a que o corpo fale melhor do que nós o fazemos com as palavras, propriamente ditas.

– É por isso que muitas relações estão “seguras” pela sexualidade?

Sim. Mas nós somos animais que precisamos da palavra para configurar o mundo, para o compreender e para o pensar. Logo, aquilo que segura pode, a certa altura, transformar-se numa espécie de rendimento mínimo garantido para o amor.

– As pessoas despem-se com dificuldade?

Depende. Eu acho que se despem, por fora, de uma maneira demasiado fácil. Muitas vezes. E, por dentro, vivem de coração abotoado até ao último botão. A mim parece-me que quanto mais é difícil alguém despir-se por dentro, mais se despe por fora, de forma impulsiva. É claro que, sempre que duas pessoas se despem por dentro e por fora uma para a outra, mais perto podem estar de descobrir o amor.

– Ter sexo e fazer amor é a mesma coisa?

Não. Ter sexo é masturbarmo-nos em presença de outra pessoa. Fazer amor é partirmos dos nossos corpos para chegarmos às nossas almas.

– O amor é coisa que se faça?

Nim. Fazer amor é uma forma de dar a entender que somos operários do amor? Que temos de trabalhar para ele? Que temos de o estimar e cuidar? Se for assim, a resposta é sim. Se fazer amor é uma forma de iludir os desencontros de todos os dias com uma febre de sábado à noite, não! Claro.

– Se namoramos tão pouco, como é que seria de esperar que nos sintamos amados?

Não seria. Nem pode ser! Sem namoro não há amor.” – Eduardo Sá

Ricardo Babo

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