“É um ponto interessante o da humildade.
Embora deteste as metas, sinto que nunca chegarei a ser humilde.
Quando, a partir do exterior, contemplo algumas das minhas atitudes, vejo-me tão envaidecido, tão exigente, tão prezado por mim mesmo…
O Dicionário de la Real Academia diz: «Humilde: baixo, de pouca estatura.»
Não sou humilde.
Quando me gabo do meu egoísmo, quando sinto que sou a pessoa mais importante no mundo (com duas lindas excepções, os meus filhos), quando acho que sou o centro do mundo, quando busco todas as respostas dentro de mim… Não, não sou humilde.
E os demais? Os outros? Aqueles a quem amo?
Por acaso não faço coisas por eles?
NÃO!
Sinto que às vezes me dá prazer agradar-te, e então faço-o. Quando te digo que é por ti, estou a mentir-te. Na realidade, tudo é por mim; é bom para mim o facto de escolher renunciar ao que eu quero para te dar. Que egoísta…!
Sim.
Afinal, se alguém me chama «egoísta», o que está a dizer-me? Está a dizer-me: «Não penses em ti, pensa em mim.»
Quem é o egoísta?
Desde há três ou quatro mil anos que o Talmude diz:
Se eu não pensar em mim, quem o fará?
E se pensar só em mim, quem serei eu?
E se não for agora, quando?
Há três categorias de pessoas.
Uma, a que, quando tem frio, oferece toda a sua roupa de agasalho. Outra, a que, quando sente frio, veste a sua roupa de agasalho. E uma terceira que, quando sente frio, acende uma fogueira para se aquecer a si mesma e a todos os que queiram desfrutar do calor.
A primeira pessoa é suicida: irá morrer de frio. A segunda é miserável: irá morrer sozinha. A terceira é um ser humano normal, adulto e egoísta (acende a fogueira porque ele tem frio).