“Como alguém sabiamente declarou, a vida é para ser vivida, não compreendida, e creio que isto é verdade. Em primeiro lugar, há que viver; só depois podemos tentar compreender uma pequena parte da nossa experiência. Se tentarmos compreender a vida ao invés de a vivermos, analisando-a a nível intelectual a partir de uma distância segura, sofreremos uma dupla perda. Em primeiro lugar, quando nos baseamos apenas no intelecto, observamos a vida através de um espelho distorcido – um espelho que altera a percepção e pode induzir-nos em erro. O nosso intelecto torna-se, assim, um obstáculo à vida. Em segundo lugar, quando nos refugiamos da vida na nossa mente, em vez de participarmos nela, permanecemos espectadores, que nunca sujam as mãos.
Nesta vida, espera-se que fiquemos com as unhas sujas. Espera-se que nos vamos abaixo, nos percamos e nos sintamos confusos. Não devemos usar o nosso intelecto para regulamentar, compartimentar ou filtrar a vida. A vida é um fenómeno muito maior do que a mente humana. O nosso intelecto é o nosso servo, não o nosso patrão; deve encontrar o seu lugar no seio de um contexto muito maior.
O intelecto não constitui a melhor ferramenta para resolver as grandes questões da vida. Trata-se antes de uma ferramenta de sobrevivência, mais apropriada para obtermos o nosso sustento quotidiano. Para esta espécie de desafio prático, o intelecto está no seu elemento. Mas face aos grandes mistérios da vida – como as questões do amor, o sofrimento, a morte, Deus, a identidade e o sentido da vida – temos de deixar o nosso intelecto retirar-se graciosamente para segundo plano e permanecer silencioso. Quem sou eu, e que devo fazer de ti, vida? O que é a verdade, a verdade acerca da vida e de mim próprio? Não podemos responder a estas questões de modo intelectual. Necessitamos de outros meios, outras ferramentas, outras abordagens.” – Tommy Hellsten