“Que amigos tem andado a ignorar? Que mensagens não quer reconhecer? Reconhecer uma tentação não implica pô-la em prática, mas ter a coragem de enfrentar a enormidade do que precisa de ser modificado em si. Uma tentação é uma prova de roupa para um acontecimento kármico negativo. Ela mostra-lhe exactamente aquilo que se recusa a reconhecer em si mesmo. Até aí, o que não reconhecer tem ascendente sobre si, e quanto mais o negar, julgar ou vir como temporário, mais poder ele ganha. Ou seja, as suas obsessões, compulsões e adições têm origem em si mesmo, e em mais ninguém. As suas tentações mostram-lhe como são poderosas, para que as possa reconhecer, desafiar e alterar.
Uma tentação chama a sua atenção para a negatividade que está dentro de si e que cria consequências destrutivas se permanecer inconsciente, dando-lhe uma oportunidade de se ver livre dela antes de a pôr em prática e criar consequências negativas.
Ou seja, a tentação permite-lhe localizar e curar partes de si dentro do seu próprio mundo energético antes que os seus actos se espalhem até aos mundos dos outros e criem consequências que você não desejaria criar.
Quando usa uma tentação como desculpa para as suas decisões, está a retirar poder a si próprio. Culpabiliza os outros, o mal ou o Universo, e faz tudo menos olhar para dentro de si, ver como essas partes da sua personalidade são poderosas e modificá-las.
A tentação não constitui um poder acima de si. O poder é seu. A tentação limita-se a demonstrar-lhe o que está a pensar fazer, para que possa escolher de uma maneira responsável.
Ou seja, a tentação é um chamariz para retirar a sua negatividade; à medida que responde ao chamariz, limpa-se dessa negatividade tomando consciência dela em vez de ter de viver a experiência. O Universo abre cada pessoa ao seu poder através da tentação, demonstrando-lhe quando e como está a perder poder.
A mesma energia que tentou Jesus, que veio a tornar-se o Cristo, com o domínio sobre o mundo, e que tentou Siddhartha, que veio a tornar-se o Buda, com todos os prazeres do mundo, tenta a mulher e o marido a cometerem adultério, o contabilista a roubar e o estudante a copiar. Ela também o tenta a si. Não pode obter força a partir de escolhas que não o levem ao limite.