Aceitar a Morte

“Actualmente, cortámos o nosso elo com aqueles que criaram a sabedoria – criaram-na quando ainda se compreendia a necessidade de haver sabedoria – e ao fazê-lo, perdemos o nosso elo ao passado. Tornámo-nos uma geração sem profundidade, uma geração que venera a juventude, esquecida do valor daqueles que viveram muito. Quando perdemos o nosso elo ao passado, separamo-nos da sabedoria nele contida.

Vivemos apenas para o momento, como se cada dia fosse o último. Relegámos a espiritualidade e a sabedoria antigas para os nossos museus. Para viver para o momento, permanecendo sempre jovens, fechamos os nossos olhos à morte, também. Fizemos os possíveis por vencer a morte: desde que a vida seja agradável e divertida, não interessa o modo como vivemos, pois sentimos que viveremos para sempre. Se a vida começar a parecer vazia, ocupamo-nos procurando mais divertimentos – sem compreender que ao negar a morte expulsámos também o drama natural da vida. Redefenimos a vida como uma existência fútil e vazia. Encontrando-se a morte fora do cenário, a sabedoria e a experiência de vida tornam-se inúteis. Eis por que motivo já não compreendemos os murmúrios e rituais misteriosos a que outrora se dava o nome de sabedoria e espiritualidade.

Aquilo de que falo não é nada de novo; são velhas verdades, bem conhecidas daqueles que viveram antes de nós – não conhecidas por todos, mas por muitos.

Durante anos lutei contra as velhas expressões, desgastadas pelo tempo: pecado, misericórdia, «Deus ama-te», santidade, a alma e daí por adiante. Tal como a muitas outras pessoas, estas palavras deixavam-me perplexo. Enchiam-me de frustração, ressentimento e raiva, pois embora eu compreendesse que continham algo de precioso, pareciam ocultá-lo. No entanto, comecei finalmente a obter um vislumbre do possível significado de tais palavras. Apenas um vislumbre, mas o suficiente para eu continuar a minha viagem de exploração.

A aventura espera-nos nas profundezas da vida. Apenas podemos participar dessa aventura se aprendermos a abrandar, ter calma e chegar a uma paragem total. A via para uma vida com sentido passa pela paragem e o silêncio.” – Tommy Hellsten

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