Amabilidade Para Com os Outros

«Não é possível termos um dia perfeito sem fazermos algo por alguém que nunca nos poderá retribuir.» – John Wooden

 

“Há uns dias, estava em Nova Iorque e apanhei um táxi com um amigo. Quando saímos, o meu amigo disse ao taxista:

– Obrigado. A sua condução foi magnífica.

O taxista ficou a olhar para ele durante uns segundos e disse:

– Você tem a mania que tem piada ou algo do género?

– Não, meu bom homem, não estou a troçar de si. Apenas admiro a forma como consegue manter a calma no meio deste trânsito medonho.

– Sim, sim… – disse o taxista antes de arrancar.

– Para que foi aquilo? – perguntei.

– Estou a tentar trazer o amor de volta a Nova Iorque – disse. – Acredito que é a única coisa capaz de salvar a cidade.

– E como é que um homem pode salvar Nova Iorque?

– Não é apenas um homem. Acho que consegui fazer com que aquele taxista tenha um dia excelente. Imaginemos que ele atende 20 clientes durante todo o dia. Será, certamente, simpático com essas 20 pessoas apenas porque alguém foi simpático com ele. Por sua vez, esses 20 clientes tratarão bem os seus funcionários, os empregados das lojas onde entrarem, os empregados de mesa que os servirem ou os familiares. Eventualmente, a benevolência poderá espalhar-se por, pelo menos, 1000 pessoas. Não me parece nada mal, e a ti?

– Mas tudo depende se o taxista vai passar essa mensagem de benevolência a outras pessoas.

– Não depende tudo do taxista – explicou o meu amigo. – Reconheço que o sistema não é infalível, por isso, esforço-me por fazer o mesmo com cerca de 10 pessoas todos os dias. Se dessas 10 conseguir fazer 3 felizes, serei capaz de influenciar indirectamente a atitude de outras 3 mil.

– Parece-me uma boa ideia em teoria – admiti. – Mas não sei se funcionará na prática.

Se não funcionar, não se perde nada. Não demorei tempo algum a dizer àquele homem que estava a fazer um bom trabalho. Não lhe dei uma gorjeta maior nem menor do que lhe daria noutra situação. Se tiver caído em saco roto, que mal tem? Amanhã tentarei fazer feliz outro taxista.

– És mesmo doido – disse eu.

– Isso só demonstra como te deixaste vencer pelo cinismo. Fiz um estudo sobre isto. A única coisa que parece estar a faltar aos nossos funcionários dos correios, para além de dinheiro, claro, é alguém que lhes diga que estão a fazer um bom trabalho.

– Mas eles não estão a fazer um bom trabalho.

– Não o estão a fazer porque acham que ninguém se importa com isso. Porque não haveríamos de ter uma palavra gentil para lhes dizermos?

Estávamos a passar por uma obra e vimos cinco trabalhadores a comerem o almoço. O meu amigo parou.

– Que magnífica obra os senhores estão a fazer. Parece-me ser um trabalho difícil e perigoso. – Os trabalhadores olharam para o meu amigo com um ar desconfiado. – Quando preveem que termine?

– Em junho – resmungou um dos homens.

– Ah! Impressionante. Devem estar muito orgulhosos do vosso trabalho.

Enquanto nos afastávamos, disse ao meu amigo:

– Tu és incrível. Não se vê alguém como tu desde o D. Quixote!

– Quando aqueles homens digerirem as minhas palavras, vão sentir-se melhor. E, de alguma forma, a cidade vai beneficiar com a felicidade deles.

– Mas não podes fazer isto sozinho! – protestei. – És apenas uma pessoa.

– O importante é não desanimar. Conseguir que as pessoas desta cidade voltem a ser amáveis não é tarefa fácil, mas se conseguir angariar mais pessoas para a minha campanha…

– Acabaste de piscar o olho a uma mulher que não é nada bonita – observei.

– Sim, eu sei – respondeu. – E se for professora, os alunos dela vão ter um dia fantástico.” – Art Buchwald

Ricardo Babo

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