Cada Segundo, Cada Pessoa, Cada Encontro Contam

“Há momentos cruciais na nossa vida em que se nos apresenta uma situação dramática a que temos de responder de imediato. Deve então ser feita uma escolha vital. A forma como respondemos pode alterar o curso da nossa vida ou da vida de alguém que amamos. Não há tempo para pensarmos. Urge a acção. (Não agir nestes momentos é também agir.) A soma daquilo que somos, em que acreditamos, que valorizamos e desejamos revela-se naquilo que fizermos.

Confrontadas com um momento de verdade, muitas pessoas ficam mudas de susto. Alguns deixam-se ultrapassar pelo momento, outras zangam-se, tentam travá-lo ou dizem algo de que passam o resto da vida a arrepender-se. Mas não há qualquer forma de alterar ou consertar um momento que já passou. Este momento é uma oportunidade que vem e depois se vai embora, impossível de ser retomada. Podemos chamar-lhe um teste ou um momento do destino. O que quer que lhe chamemos, este momento apela à essência de quem somos, aos aspectos em que nos desenvolvemos e àqueles em que ainda precisamos de crescer.

Apesar de este tipo de momentos ser relativamente raro, eles acontecem na nossa vida e nos nossos relacionamentos com maior frequência do que aquela de que nos apercebemos. Algumas pessoas nem sequer se apercebem de que estas oportunidades se estão a apresentar. Vagueiam pela vida envoltas numa tal neblina que estão cegas para o que podia ser possível. Outros ficam paralisados pela acção imediata que lhes é exigida. A essência da prática do Zen é tornar-nos tão despertos e espontâneos que quando surgem momentos como estes nós estamos prontos: respondemos com todo o nosso ser, naturalmente.

Quando perdemos um relacionamento importante, quer seja devido a problemas, a uma doença ou a uma mudança súbita, é natural pensarmos no que poderíamos ter dito ou feito para que tudo tivesse sido completamente diferente. Muitos culpabilizam-se e sentem que deixaram algo por fazer. Se ao menos tivessem feito apenas mais qualquer coisa, ou respondido de uma forma um pouco diferente, o resultado poderia ter sido outro. Ao revolverem-se nisto, as pessoas desenvolvem muitas vezes uma sensação de medo em relação ao correr do tempo. Desejam que o tempo pudesse voltar atrás, permitindo-lhes assim reviver mais uma vez a situação.

Normalmente, esperamos que a vida continue para sempre, que os outros vão estar sempre ali para nós. Se as coisas não correrem bem desta vez, podemos sempre tentar de novo. Esta não é a mente que pratica o Zen, onde cada segundo, cada pessoa, cada encontro contam.

Na prática do zen, aprendemos a viver na lâmina afiada do momento, a estarmos inteiramente presentes de modo a conseguirmos captar o momento e responder dando o nosso melhor. A ideia é responder a partir de todo o nosso ser, fazendo exactamente o que é necessário e exigido, embora possamos ter compreendido tudo apenas no segundo anterior. Viver neste tipo de dinâmica faz todo o mundo tornar-se vivo.” – Brenda Shoshanna

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