«Procura-o à tua frente
E subitamente estará atrás de ti.» – Zenrin Lewis
“A maior parte nós transforma tudo o que acontece, e em especial os relacionamentos, num problema que tem de ser resolvido. Em breve, cada dia se torna uma corrida de obstáculos, e nós andamos constantemente a saltar barreiras. Alguns preferem adiar qualquer acção até terem estabelecido todas as estratégias e resultados. Querem saber exactamente com o que é que se vão confrontar antes de darem qualquer passo. De modo semelhante, há também aqueles que não se aventuram para fora do que lhes é familiar – a vizinhança, as rotinas ou os grupos de amigos – com medo de terem alguma surpresa. Para estes últimos, o maior pesadelo é o não estarem preparados. Têm horror de não saberem dar o passo «certo». Estar «errado» transforma-se num desastre. Cada acção que tomam está impregnada de preocupação quanto às consequências.
A preocupação e o medo que estas pessoas sentem pode ser particularmente paralisante nas questões amorosas, e rapidamente elas transformam os relacionamentos no maior de todos os problemas da sua vida. Afinal, os relacionamentos encerram em si a maior de todas as possibilidades de fracasso, e também o maior prémio que é possível obter: o amor.
Mas termos uma abordagem da vida em que a encaramos como algo a ser conquistado ou subjugado não conduz a uma vida de amor, conduz apenas à segurança. O amor não é seguro, nem é tão-pouco o resultado de estratégias adoptadas pela mente racional. O amor toma-nos de surpresa, quando estamos abertos e prontos para ele. Prepararmo-nos para nos apaixonarmos requer uma aproximação totalmente diferente. Temos de descobrir uma nova forma de estar com os problemas. Ao fazermos isto, podemos até descobrir que, na verdade, não há problemas, há apenas os koans que a vida constantemente nos apresenta.
Uma parte essencial da prática do Zen é o saber o que é um koan, estar pronto para o receber e, quando nos for dado um koan, aprender a resolvê-lo. A tarefa de resolver koans é, de facto, um treino na arte de aprendermos a apaixonar-nos.