“A dura verdade é que passamos a maior parte do tempo semidespertos. O momento presente é uma dádiva, mas, se estivermos a sofrer e a esforçar-nos por viver, podemos não o entender assim. Nos momentos de sofrimento, o «agora» pode parecer mais uma bela dor de cabeça.
O esforço e a luta fazem parte da vida – até se podem tornar viciantes, como uma droga. Ficarmos quietos, no momento presente, a contemplar e a abrir os olhos, para ver como as coisas realmente são, pode ser uma tarefa quase impossível (e intimidante). É muito mais fácil mantermo-nos continuamente atarefados, a seguir rotinas diárias e planos de vida, em que estamos sempre a aspirar a ser alguém e a fazer qualquer coisa. A ironia é que, a certa altura, o próprio esforço e a própria luta poderão tornar-se o nosso modus operandi e a nossa identidade.
«Então, como estás?»
«Óptimo! A esforçar-me e a lutar. E tu?»
«Eu também. Quase a alcançar os meus objectivos! Nada de novo.»
E assim é o texto mudo das nossas vidas diárias. Quando o esforço e a luta se tornam o tema, a totalidade, o princípio organizador central da nossa existência, talvez estejamos a perder literalmente a oportunidade de uma vida.
Se «fazer as coisas só por fazer» ou «sobreviver a cada dia» o descreve, deixe-se já disso!
O budismo ensina-nos que «despertar» para o presente é a nossa única salvação. Só quando estamos despertos é que podemos transcender a engenharia frenética das nossas vidas. Para lá das nossas idealizações, há uma verdade mais profunda – um sentimento de união com o espírito, a existência e uma coisa a que muitas pessoas chamam Deus. Independentemente do credo em que escolha acreditar, quando se centra no presente, começa a ver que todos fazemos parte de algo muito maior do que o simples «eu».
Transcenda o esforço incessante do ego e encontrará uma infinidade de convites para a paz. Transcenda as questões mundanas que parecem ter tanto peso e dará por si leve, sem peso – desperto e vivo, num maravilhoso mundo espiritual.” – Ken Druck