Partilhar Sem Esperar Receber

Ainda que me oferecessem dez mil onças de ouro

Não venderia o caminho,

Mas ofereço-o gratuitamente mesmo ali no cruzamento

Se conseguires ouvir o meu som.

Consegue dar a si próprio o que é precioso? Quantas vezes partilha o melhor que tem? O que é o melhor que você tem? Aquilo que partilha é importante, mas o motivo pelo qual o partilha ainda é mais importante.

Quando as expectativas acompanham a sua dádiva, quer dizer que está a procurar poder exterior. A sua dádiva constitui um meio para atingir um objectivo, e o objectivo é para si, e não para a pessoa que recebe a dádiva.

Se não conhecer todas as suas in-tenções antes de partilhar, irá descobri-las após a partilha, já que ficará decepcionado, furioso ou perturbado de qualquer outro modo se a sua prenda for deitada fora ou não for apreciada. Reacções como estas dizem-lhe que havia uma in-tenção de que não tinha consciência ou que conhecia mas não partilhou. Ou seja, as suas experiências interiores informam-no quando possui um objectivo oculto. A sua prenda até poder ser muito importante para a pessoa que a receber, como no caso de dinheiro para frequentar a universidade, mas se ficar decepcionado com a reacção, perceberá que o seu objectivo oculto era o reconhecimento, o apreço ou a obrigação. Caso contrário, não se sentiria desapontado, ressentido ou zangado por ela não gostar da sua prenda ou se descartar dela.

A dor de não se sentir apreciado ou amado não é provocada por uma resposta à sua oferta, mas sim por uma parte da sua personalidade que não se sente digna de ser amada e espera que sejam os outros a fazê-la sentir-se assim. Ela procura amor de todas essas formas e fica perturbada quando não o recebe.

Quando insiste para os outros aceitarem uma ideia ou uma crença que é importante para si, há uma parte da sua personalidade que tem medo e quer ser aceite e amada. Pode não se sentir assustado, mas a necessidade de que os outros pensem como você deriva do seu medo, e não do seu interesse neles. Quanto mais assustado estiver, mais necessita que os outros aceitem a sua ideia ou crença, e mais se vê a si próprio como alguém superior. Tem a certeza que o seu caminho é correcto, e tenta convencer os outros porque precisa que eles validem a sua ideia ou crença. Se eles concordarem, fica contente. Se não, sente a necessidade de continuar a falar, a debater e a explicar melhor. Nada o satisfaz a não ser a aquiescência deles.

Neste caso, não possui a capacidade de honrar o caminho do outro porque tem medo de olhar demasiado atentamente para o seu. Receia as suas dúvidas internas e a rejeição dos colegas. Precisa que os outros validem a sua posição porque não tem a certeza que ela seja inteiramente sua, e por isso pressiona, dizendo para si mesmo que é você – e não eles – o responsável pelo bem-estar deles próprios.

Quanto mais precisar que as pessoas estejam de acordo consigo, menos abertura tem em relação ao que elas pensam, sentem e acreditam. Você não consegue partilhar com elas porque está a tentar modificá-las, e elas não conseguem partilhar consigo porque você não está a ouvir.

Isso não é partilhar. Isso é a partilha do poder exterior.” – Gary Zukav

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