“As pessoas pensam que ser-se humilde é ser-se dócil e diminuído, ou que a humildade envolve baixar a fasquia da própria capacidade e talentos. Quando o grande campeão de ténis Roger Federer ganha Wimbledon com toda a facilidade em três partidas e depois, numa entrevista após o desafio, resmunga quanto a não ter jogado o seu melhor, as pessoas irritam-se e pensam: Que diabo? Acusam-no de não ser humilde. Mas, com efeito, Federer está simplesmente a ater-se à sua própria verdade. Quando se é bom numa coisa, está correcto assumi-lo. Está correcto afirmar e admitir que se é bom a fazê-la. E, inversamente, quando não se é bom numa coisa, está correcto também admitir que ela ainda não faz parte dos seus dotes. Em cada organismo vivo há diferentes funções que servem diferentes propósitos. Neste organismo chamado humanidade, existem os Rogers Federers, que são brilhantes a jogar ténis, e existem outros indivíduos, que são brilhantes em contabilidade, ou a ser advogados ou paisagistas ou seja o que for. Este organismo humano – esta sociedade que habitamos – tem uma misteriosa capacidade de cuidar de si próprio.
Não pode ser de nenhuma outra maneira.
Humildade é vivermos alinhados connosco próprios.
Mas muitos de nós não informamos a nossa realidade a partir de dentro, dependendo em vez disso da aprovação ou desaprovação alheia. Não tem de se colocar diante de Simon Cowell para saber se é ou não um bom cantor. Você sabe se for um bom cantor. Se for verdadeiramente bom numa coisa, não precisa que ninguém de fora lho diga. Você sabe. E esse saber vem de um lugar bem profundo a nível de sentimento. Um lugar que está alinhado com a sua verdade.
Quando está alinhado com as suas forças e fraquezas, está em harmonia. Está no fluxo. Está simplesmente a ser você. Roger Federer parece jogar sem esforço no campo de ténis porque está nesse fluxo. A raquete é parte dele, uma extensão do seu braço. Todos nós temos uma versão disso. De forma que a humildade nada tem a ver com baixar a fasquia da sua glória a fim de deixar confortáveis as pessoas inseguras. Humildade, para mim, é ser honesto e claro comigo próprio – e a respeito de mim próprio. Sou humilde quando sou honesto sobre o que experiencio, independentemente do que isso for. Seja sentir o assombro de entrar em contacto com alguns dos maiores ícones vivos do mundo – ou sentir a pequenez da minha própria insegurança. De uma maneira ou de outra, não estou a negar o que vai dentro de mim.
Para trabalhar nesta ideia de humildade, arranje um tempo de sossego e faça uma lista compreensiva das suas forças e fraquezas. Consegue compilar um honesto inventário de quem é, sem qualquer necessidade de o embelezar ou diminuir? Ninguém mais o vai ver. Força, faça uma avaliação verdadeira – e certifique-se de tomar um cuidado suplementar ao listar os seus atributos positivos, os seus dons e talentos. Quando não somos humildes, é porque não nos conhecemos a nós próprios. Por isso trate verdadeiramente de se conhecer, e então partirá de uma posição de «emponderamento».