Uma Coisa de Cada Vez

“Todos nós assumimos demasiados compromissos e temos demasiadas coisas para fazer em pouco tempo. Sofremos da Síndrome da Compressão do Tempo, que acontece quando nos comprometemos com mais coisas num determinado período de tempo do que é razoavelmente possível fazer.

A Síndrome da Compressão do Tempo dá origem ao stress e a uma consciência tensa, que cede sob o peso da pressão do tempo. Aperta a nossa alma. Aprendemos a dominar a arte de comprimir tantas tarefas na nossa linha temporal que agora só o simples facto de sair pela porta é doloroso.

Descansar e relaxar não são acções aceitáveis na nossa sociedade e são encaradas como um sinal de preguiça e fraqueza. A produtividade é tudo. Desprovidos de tempo para recuperar, tentamos encaixar mais coisas nos nossos dias, esticando-os para agendas impossíveis, e andamos constantemente stressados por chegarmos atrasados e por não termos tempo suficiente para fazer tudo. Somos masoquistas; sonhamos que haverá, no futuro, tempo em que poderemos recuperar e finalmente abrandar, mas não fazemos nada para que isso aconteça.

O seu «mais tarde» será sempre igual se o seu «agora» for caótico.

Existe um provérbio antigo segundo o qual a forma como fazemos uma coisa é essencialmente a forma como fazemos tudo. Se não conseguimos relaxar e desfrutar do momento presente, temos um grande problema. A maior parte das pessoas adia coisas com tanta frequência que nunca terá hipótese de recuperar. Esta situação conduz a uma sensação desconfortável de estarmos incompletos. Provoca uma ansiedade latente da qual não nos conseguimos livrar.

O tempo é dinheiro, e o tempo escasseia.

As mães preocupam-se com os companheiros de brincadeiras dos filhos. As crianças têm sempre demasiados trabalhos de casa. Os pais barbeiam-se com um bebé ao colo. Os cães dão passeios muito curtos. E depois perguntamo-nos porque roeram os móveis…

Sem sabermos como, a métrica de sucesso da indústria e as inovações do mundo dos negócios convenceram-nos de que precisamos das mesmas eficiências optimizadas, integradas na forma como gerimos todas as facetas das nossas vidas. Esta ideia conseguiu penetrar em memes dominantes da nossa sociedade, acarretando com ela um custo elevado. As pessoas sofrem constantemente esgotamentos nervosos. O negócio dos medicamentos para a ansiedade está a disparar. As farmacêuticas registam lucros de milhares de milhões anuais e compram espaço na comunicação social para despejarem os seus anúncios idiotas para cima de nós.” – Pedram Shojai

Ricardo Babo

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