Ver Quem Nos Magoa Como Um Amigo

“À medida que vamos limpando de forma completa, aprendemos a largar o que carregamos connosco. A isto dá-se também o nome de purificação.

Alguns questionam-se sobre o porquê de serem as suas vidas tão difíceis e de a maior parte dos seus relacionamentos lhes causar sofrimento. Podem não ser capazes de encontrar um companheiro, ou se o encontram, ele acaba por se ir embora ou é cruel ou instável. Mas é possível encarar as relações como uma forma de purificação. Em vez de rejeitarmos situações difíceis e dolorosas, podemos olhá-las de uma outra perspectiva, encará-las como um meio de aprendermos muitas lições. O modo como recebemos e respondemos a este tipo de relacionamentos pode limpar-nos e estabelecer um novo curso de acção. As relações podem ser consideradas como grandes oportunidades de crescimento. Podemos aprender uma forma inteiramente nova de lhes respondermos.

Nas situações difíceis, sentimo-nos sempre tentados a deixar-nos dominar pela raiva, o ódio e a vingança. Podemos bater, podemos magoar também. Do ponto de vista do Zen, este é um erro muito grave. Shantideva, um grande professor tibetano, aconselha: «Possa eu, quando alguém que amei e de quem cuidei me magoa e abusa de mim, ver essa pessoa como um grande amigo sagrado.»

Isto significa que estas pessoas vieram ajudar a purificar-nos de um karma difícil (pensamentos, feitos e acções antigos que estão agora a dar fruto). Ensinam-nos a ser pacientes, indulgentes e a ter a capacidade de crescer espiritualmente. Dão-nos uma oportunidade de resistir à tentação de nos entregarmos à raiva e à vingança, e permitem que o nosso karma seja purificado, e que percebamos que, de alguma forma, algures, plantámos as sementes que possibilitaram a ocorrência da situação.” – Brenda Shoshanna

Ricardo Babo

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