A Mudança Está Sempre a Caminho

“Deitado na cama, contraia cada músculo do corpo. Vá lá – contraia-os. Comece pelos arcos dos pés e suba através das coxas, do abdómen, dos punhos, até finalmente amarfanhar o rosto e crispar o maxilar. Aguente-se assim por uns dois minutos.

Depois descontraia.

Exaustivo, não é?

É exaustivo tentar apegar-se, viver com essa espécie de tensão.

Agarrar-se a nada – por motivo nenhum.

O mundo em que vivemos convence-nos de que devemos lutar, de que lutar é a norma. Somos ensinados que, se tentarmos arduamente, podemos controlar o nosso destino e os destinos daqueles que amamos. Acumulamos posses. Erigimos fortalezas. Aumentamos o nosso património líquido. Acreditamos que tudo isto nos pode proteger. Mandamos os nossos filhos para as melhores escolas dentro dos nossos meios – e convencemo-nos de que isso assegurará a sua futura felicidade e sucesso. Dizemos a nós próprios que podemos salvaguardá-los de lutas, de modo a que não tenham de passar por dor ou pesar. Apegamo-nos com todas as nossas forças. E, enquanto isso, passa-nos ao largo o essencial, que é o facto de não determos o controlo.

A todo e cada momento, a mudança acontece a toda a nossa volta. Inspiramos e expiramos, e a mudança acontece. Levantamo-nos de manhã e vamos para o trabalho, e a mudança acontece. Pomos os nossos filhos no autocarro, e a mudança acontece.

Já alguma vez observou uma árvore em particular através das estações?A forma como os ramos começam a avermelhar-se ligeiramente mesmo no início da primavera. A forma como esses mesmos ramos ganham folhas, se tornam verdes, e se fazem luxuriantes no verão. E então chega o outono, e todas essas folhas mudam de cor. Secam e caem ao chão. Eventualmente cobrem-se de neve. Todo e cada momento nosso é como esse ciclo da natureza – só que não temos consciência disso. Não nos observamos como se fôssemos essa árvore. Imaginamo-nos fixos. Sólidos. Imutáveis. Mas enquanto vivemos, mudamos.

Pense em si há um ano. É a mesma pessoa? Seja qual for a medida de tempo – uma geração, uma vida, uma década, um ano, um dia, uma hora, um minuto -, estamos a evoluir. Não podemos deter a nossa evolução tal como a árvore não pode impedir-se de florir.

Agora, estendido na cama, esquadrinhe em todo o seu corpo os lugares que contraiu e crispou. Imagine-os sendo preenchidos de amplidão e luz.

A mudança está a caminho.

A mudança está sempre a caminho.

Há uma profunda liberdade na aceitação disto. Ao fechar os olhos e aprestar-se a dormir, pense em si como essa árvore. Em que estação se encontra? Estará no começo da primavera? Em pleno verão? Sente a nostalgia agridoce do outono? O rigor do inverno? Saiba que seja qual for a estação que lhe acode à mente, isso, também, continuará a mudar e evoluir. Esta é a única e singular certeza.

Mudança. Pode contar com ela.

Saiba que ela o conduz sempre para mais.” – Panache Desai

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.